13 de junho de 2016

| RESENHA #2 | Os Invernos da Ilha, Rodrigo Duarte Garcia

Título: Os Invernos da Ilha
Autor: Rodrigo Duarte Garcia
Ano: 2016
Páginas: 462
Idioma: português 
Editora: Record
Gênero: Aventura, Nacional, Romance
Livro cedido em parceria com a editora.
Sinopse: Romance de estreia do jovem autor Rodrigo Duarte Garcia tratado desde já como o Conrad brasileiro. Os invernos da ilha é um livro de aventura, como não há no Brasil, que reúne um herói atormentado (e logo apaixonado), uma ilha fria e hostil escolhida como exílio (num convento misterioso), a descoberta de um diário de piratas (e, assim, a reconstrução de uma incrível história de corsários) e a busca por um tesouro escondido. Como diz Martim Vasques da Cunha no texto de orelha: Rodrigo já pertence à categoria dos mestres. Os invernos da ilha costura Wallace Stevens, Melville, Conrad, Patrick OBrien, os filmes de Indiana Jones, Os Goonies sobrando até mesmo para o compositor Rachmaninoff , com tamanha habilidade, que o leitor ficará atônito ao perceber que, no meio disto tudo, há a alegria de narrar uma verdadeira história.
Os invernos da Ilha conta a história de Florian Links, um homem que vive à sombra do passado e que para fugir de tudo, e, principalmente da culpa, refugia-se em um mosteiro em uma ilhada chamada Sant'Anna Afuera para ver se consegue encontrar um rumo para a sua vida. Nessa ilha, um antigo amigo, Dom Fernando, vive, e foi o mesmo que indicou o mosteiro para Dr. Florian, mas para se tornar monge, Florian precisa passar por um momento de experiência, vivendo no mosteiro. E é nesse embalo que nosso protagonista vive uma aventura recheada de descobertas. 
Contar sobre esse livro é muito difícil, porque apesar de haver essa certa sinopse, a história em si é totalmente desconhecida até o momento em que você começa a se ambientar naquele universo criado pelo autor Rodrigo Duarte Garcia. É um livro que contém muitos detalhes a cerca de tudo o que envolve o protagonista, a ilha e as descobertas. E talvez pelo fluxo de informação, essa leitura tenha sido tão completa e realizada para mim, pois consegui captar vários sentimentos e sensações, de acordo com os acontecimentos descritos com maestria pelo autor.
O livro é narrado em primeiro pessoa pelo próprio Florian, ou seja, toda a descrição da ilha, do mosteiro, dos personagens envolvidos partem de seu ponto de vista e de seus gostos e percepções. Um dos problemas desse tipo de narrativa, é que a gente sabe das coisas a partir do ponto de vista de um narrador envolvido com a trama, então a imparcialidade nem sempre vista. Por outro lado, a narração em primeira pessoa nos da uma amplitude de conhecimento a respeito dos sentimentos e pensamentos do personagem e isso é deveras bom.
O livro é muito bem escrito e devo admitir que não esperava que fosse me cativar tanto. Florian é um personagem muito inteligente e bem construído, de forma que eu aprendi com ele em várias situações, em vários momentos de auto reflexões, entre outras coisas. A ambientação também é excepcional, o leitor consegue captar a essência da ilha e o tanto de história que ela possui. Durante a história, somos apresentados a cartas dos piratas, especialmente do Olivier Van Noort, um holandês luterano que chegou na ilha por volta do ano de 1600, e assim podemos ver a reconstrução da história de corsários da época.
No entanto, aqui destaco meu ponto (único) negativo da história, as longas cartas de Olivier Van Noort. Sinceramente, por vezes fiquei bem entendiada lendo, porque para mim não estava acrescentando nada a história e sim deixando-a cansativa. Tirando essa ressalva, a história é muito interessante e Rodrigo nos preenche com um show de cultura e conhecimento.

"Procurava o reparo da solidão, no delírio de ser uma bola de neve que sobre a montanha ao invés de descê-la e anula-se - ou assim ao menos tenta, desesperadamente -, desfazendo-se de cada grão indesejado de consciência e de memória" Pág. 24 - Capítulo II
Nesta história ainda conhecemos Cecília, uma médica da ilha que tem um envolvimento maior com o nosso protagonista. O que vou falar aqui é absurdo (ou não), mas a imagem que me vinha a cabeça da relação entre os dois, era uma coisa meio Iracema, do livro do José de Alencar. Não que seja algo igual, mas o forasteiro e a nativa é uma coisa que me lembrou muito. Fiquei feliz por ter lembrado, mesmo acreditando não ter nada a ver um com o outro. Adorei o jeito como o sentimento do Florian foi crescendo perante a nossa Cecilia. Adorei mesmo toda a construção, os diálogos, as aventuras.
Os Invernos da Ilha é um livro excepcionalmente bem escrito, de uma riqueza de vocabulário, informações e detalhes que faz qualquer fã de uma boa literatura amar. Rodrigo Duarte Garcia foi um autor que me surpreendeu positivamente, pois sua escrita é fluída, mesmo contendo descrições detalhadas. É um livro para poucos, acredito eu, mas a experiência vale para todo mundo que quer sair da sua zona de conforto. 

A diagramação está impecável. A fonte em um tamanho excelente, fora essa capa incrível que lembra muito o que acontece na história. A Editora Record está de parabéns pelo trabalho gráfico e pela revisão, visto que não encontrei nenhum erro.

Classificação: ★★★★★ - Excelente

2 comentários:

  1. Os Invernos da Ilha é um livro excepcionalmente bem escrito, de uma riqueza de vocabulário, informações e detalhes que faz qualquer fã de uma boa literatura amar. Rodrigo Duarte Garcia foi um autor que me surpreendeu positivamente, pois sua escrita é fluída, mesmo contendo descrições detalhadas. É um livro para poucos, acredito eu, mas a experiência vale para todo mundo que quer sair da sua zona de conforto.

    ResponderExcluir

Subscribe

Labels

Flickr